Técnicas de indução de parto

A indução de parto normal pode ser feita pela Parteira (Enfermeira Obstetra ou Obstetriz) ou pela Médica Obstetra. Ela é utilizada em gestações de baixo risco, em três situações:

 

  1. Quando a bolsa rompe e o trabalho de parto não inicia;
  2. Em gestações prolongadas (a partir de 41 semanas e 3 dias);
  3. Gestantes com patologias associadas que precisam induzir o parto antes da gestação chegar à termo. Ou antes de entrarem em trabalho de parto (diabéticas, hipertensas, mulheres que fazem uso de anticoagulantes e mulheres com Colestase)

 

Em princípio a recomendação é sempre iniciar a indução com estímulos naturais. Exceto em casos em que o nascimento precise acontecer rapidamente, como quando a mulher e/ou o bebê estão em risco. Uma das vantagens da utilização de estímulos naturais conjugada com técnicas mecânicas é que ela pode ser feita em casa ou no consultório. Diferente da indução medicamentosa que requer internação.

 

Indução medicamentosa

A indução com medicamentos deve ser realizada quando o trabalho de parto precisa começar. Lembrando que mulheres com cesárea anterior não podem fazer uso de misopostrol, apenas de ocitocina. Lembrando que a ocitocina pode ser usada desde que o colo esteja trabalhado, com Bishop favorável (caso contrário, a eficácia é baixíssima).

Dessa forma, o ideal é sempre que houver tempo hábil, conciliar a indução medicamentosa com estímulos naturais e técnicas mecânicas a fim de atingir melhores resultados.

Vale lembrar que a indução medicamentosa traz riscos como a falha da indução, taquissistolia, rutura uterina e muitas vezes frequência cardíaca fetal não tranquilizadora o que leva a indicação de cesárea. Por isso, é fundamental estar em ambiente hospitalar controlado, fazer controle da frequência cardíaca fetal e acompanhar mãe e bebê de perto.

 

Indução natural

As técnicas de indução natural estimulam o corpo a produzir os hormônios necessários para dar início ao trabalho de parto. Por isso associamos estímulos naturais com técnicas mecânicas para que o corpo possa entender que algo está mudando. Conforme é estimulado, o próprio organismo da mulher passa a responder produzindo hormônios . Aos poucos, ele vai entendendo que dá conta.

Assim como na indução medicamentosa, a indução natural tem riscos, portanto, nenhuma dessas técnicas devem ser utilizadas sem acompanhamento contínuo do bebê e da mulher a fim de garantir a segurança no parto.

 

Técnicas de estímulos naturais:

    1. Manejo corporal, com técnicas como o Spinning Babies®;
    2. Hots: canela, pimenta, folha de abacate, cacau 100%, gengibre e relação sexual são excelentes para o início do tp. O esperma tem alta concentração de prostraglandina e pode ser bem eficiente para o início do tp, no entanto, nem sempre a mulher vai querer penetração neste momento, por isso, só o carinho,  namorar com o seu parceiro, já pode ser de grande valia.
    3. Homeopatia: utilizada para trabalhar o colo uterIno e estimular as contrações;
    4. Acupuntura: atua no equilíbrio corporal e energético e pode ser utilizada em pontos de estímulo de contração.
    5. Estímulo mamilar: pode ser feito apenas com o tp em andamento. Para iniciar tp, não é recomendado.

Técnicas de estímulos mecânicos:

  1. Descolamento de membranas: um procedimento mecânico que pode ser doloroso e que pode causar rompimento da bolsa. Nem sempre é possível sua realização pois é necessária uma dilatação mínima do colo uterino para ser realizado. Caso o colo esteja fechado, é inviável de realizar. É importante destacar que o descolamento só deve ser realizado se houver indicação e com autorização da gestante. Infelizmente alguns profissionais descolam membranas com 37 semanas pois acreditam que isso pode abreviar o tp, porém as evidências não mostram isso. Esse procedimento em todas as consultas de pré natal após 37 semanas só causa dor e desconforto na mulher, uma vez que não existem estudos que amparem essa prática e mostrem resultados positivos. Descolar membrana no pré-natal é violência obstétrica, não deve ser feito em hipótese alguma.
  2. Uso da Sonda de Krause no colo ou da Sonda Foley;
  3. Óleo de rícino: existem alguns poucos estudos fora do Brasil mas temos notado na prática resultados positivos. Um contraponto é que seu uso pode estar associado ao aumento de mecônio no bebê no nascimento, no entanto, não há estudos a respeito dessa informação.
  4. Óleo de prímula: alguns artigos têm associado seu uso ao aumento de sangramento no pós-parto então é preciso cautela, porém não é evidência científica.

Cuidados no pré-natal

Algumas orientações feitas no pré-natal podem ajudar a gestação a não se prolongar demais. Um dos protocolos é, a partir de 36 semanas, orientar as gestantes a retirar todo o doce, açúcar simples e farinha branca da dieta e começar a consumir 6 tâmaras por dia.  A orientação foi trazida pelo professor de obstetrícia e perinatologia Frank Lowen, da Alemanha, no Simpósio Internacional de Parto (Siaparto).

Mesmo que não haja evidência científica que ampare a prática, algumas mulheres adotam e gostam, porém algumas não conseguem seguir as orientações. E tudo bem. Todo final de gestação gera ansiedade e nem todo mundo está preparada pra ficar sem alimentos que entendem importantes. Vale lembrar que manter uma alimentação saudável e, se possível, conversar com uma nutricionista especialista em saúde da gestante pode ajudar nesse momento.

 

Por fim, deixo uma indicação de livro para quem quiser saber mais sobre técnicas de manejo de parto:

 

[box] DICA DE LIVRO: Parto Ativo, de Janet Balaskas.[/box]

 

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Karina Fernandes Trevisan é Enfermeira Obstetra, Mestre e Doutora de Cuidados em Saúde

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