Ter uma Enfermeira Obstetra/Parteira na assistência ao parto faz toda diferença na segurança da mulher e do bebê. A afirmação é respaldada por diversas evidências científicas que demonstram benefícios significativos da nossa presença no pré-natal, trabalho de parto e parto.
Os estudos indicam que o cuidado liderado por enfermeiras obstetras está associado a uma redução nas intervenções médicas durante o parto, como cesarianas e episiotomias, sem comprometer os desfechos maternos e neonatais.
Uma revisão sistemática e meta-análise envolvendo cerca de 1,4 milhão de gestantes de baixo risco revelou que o cuidado liderado por Enfermeiras Obstetras resultou em menores taxas de cesarianas não planejadas, partos instrumentais, uso de analgesia epidural/espinhal e episiotomias.
Além disso, as mulheres atendidas por parteiras tiveram estadias hospitalares mais curtas e menores riscos de infecção, remoção manual da placenta, transfusão de sangue e admissão em UTI. Bebês nascidos sob cuidados de E/Os apresentaram menores riscos de acidose, asfixia e necessidade de transferência para cuidados especializados.
Outra revisão sistemática destacou que mulheres que receberam cuidados liderados por parteiras eram menos propensas a utilizar analgesia regional,apresentaram menores taxas de parto instrumental e episiotomia, além de serem mais propensas a iniciar a amamentação e sentir-se no controle durante o parto.
Esses achados sugerem que a inclusão de EOs na assistência ao parto contribui para uma experiência mais segura, satisfatória e com menos intervenções médicas desnecessárias, promovendo melhores resultados para mães e bebês.
Diferença entre Doula e Enfermeira Obstetra
Infelizmente ainda existe muita confusão no que diz respeito ao papel da Doula e da Enfermeira Obstetra na assistência ao trabalho de parto e parto – inclusive pelos próprios profissionais da assistência. Então vamos esclarecer os papéis. A Doula é uma profissional que oferece apoio físico, emocional e informativo a gestantes durante a gestação, parto e no pós-parto. Para isso, ela faz uma formação em um curso livre onde recebe informações sobre o parto e orientações quanto ao suporte que pode oferecer às parturientes.
Para se formar Enfermeira Obstetra, por sua vez, é preciso que a profissional seja graduada em Enfermagem com especialização em obstetrícia – adquirida com a conclusão da Pós Graduação em Enfermagem Obstétrica ou residência em Enfermagem Obstétrica. Ou seja, uma formação técnica que leva anos para ser concluída.
Tanto a Enfermeira Obstetra quanto a Doula são figuras essenciais na assistência ao parto, cada qual com sua responsabilidade. Lembrando que o médico precisa estar presente no parto hospitalar para qualquer intervenção cirúrgica, caso o parto seja de risco e necessite de atenção diferenciada.
Enquanto a Doula oferece suporte emocional à parturiente, é a Enfermeira Obstetra quem traz segurança ao parto por meio do controle de BCF, contagem do ritmo das contrações, monitoramento da dilatação, controle de sinais vitais e, se for o caso, encaminhamento para o hospital no momento mais oportuno ou acompanhamento do parto domiciliar planejado (se esse for o desejo da mulher).
Porque Enfermeira Obstetra não deveria atuar como Doula
Ainda que a entrada da Enfermeira Obstetra como autônoma dentro das instituições hospitalares privadas seja lei, muitas maternidades ainda negam esse direito às mulheres e permitem a entrada da EO escolhida por ela sob a condição de realizarem o cadastro como Doula. Não faça isso!! Os hospitais alegam que possuem enfermeiras na unidade e que não precisa de enfermeira externa, porém a mulher tem o direito de escolher ter um enfermeira obstetra para cuidado direto e individual para ela. Isso faz parte do rol mínimo da ANS.
Não podemos nos passar por Doula para entrar nos hospitais pois além de infringir a nossa atuação, é nosso dever nos posicionar dentro e fora das instituições de forma adequada. Precisamos advogar pela nossa atuação. Afinal, estudamos MUITO para isso e precisamos ter confiança na nossa atuação técnica. “Ah, Karina, eu estudei muito mas não tenho confiança”. Para isso, temos o Poder do Partejar.
Atuar de um lugar de força
Claro que não adianta advogar pela nossa atuação e não ter preparo técnico adequado, Vejo profissionais ainda, infelizmente, com muito ego e pouco preparo, apenas seguindo orientação de Médico Obstetra que não atua alinhado com evidência científica. Daí não tem como defender né, gente?
Na outra ponta, temos enfermeiras que seguem o roteiro de um papel de vitimismo, se colocando em um lugar de sofrimento onde a enfermagem nada pode. precisamos superar isso E vir para um lugar de força! Só quando assumimos o nosso lugar e passamos a atuar na nossa força é que conseguimos entregar um trabalho de qualidade e, de fato, fazer a diferença no parto das mulheres e dos bebês que atendemos.