Puxo dirigido é mesmo um vilão?

Equipes atualizadas e que atendem a partos de forma respeitosa sabem que o puxo dirigido não é uma prática recomendada. O puxo dirigido é a prática de pedir para a mulher fazer força e empurrar no momento do expulsivo, quando o bebê está prestes a nascer. A recomendação é que nenhum tipo de “força, força” seja dito, nem com outras palavras, por exemplo, “isso, isso mesmo, tá perfeito”.

Eis que dia desses estava lendo uma revisão científica, que avaliou 21 estudos com ensaios clínicos, e lá mostrava que não há diferença entre os desfechos maternos e fetais entre as mulheres que foram estimuladas a empurrar seus bebês no momento em que ele estava nascendo e as mulheres que não foram estimuladas!!! E ai pensei, como assim…e tudo que já li/estudei sobre isso???

A recomendação dessa revisão é que devemos perguntar para as mulheres se elas gostariam de ser estimuladas na segunda fase do expulsivo (quando o bebê está quase nascendo) a fazer força ou não. Outro ponto sugerido pela revisão é que as pesquisas deveriam investigar a opinião das mulheres em relação as condutas que acontecem no parto.

Muitas mulheres precisam daquele incentivo final para conseguir algo que desejam muito, e a equipe de parto está ali para oferecer apoio e estimulá-la a conseguir seu objetivo. Então, minha sugestão, é que a mulher esclareça no Plano de Parto se deseja ser apoiada, de forma gentil e encorajadora, no momento do expulsivo.

Eu poderia ter terminado o texto no parágrafo anterior, mas acredito que vale ressaltar o “de forma gentil e encorajadora” quantas vezes se fizer necessário porque sim, infelizmente sabemos da prática de tipos absurdos de “incentivo” como por exemplo: -”Você não está fazendo a força certa, tem que empurrar o bebê pra baixo”; “assim desse jeito não, tá tudo errado”, “você não está fazendo certo, faz força de cocô” (…).“força, força, força, força, sem parar, força, vai, sem parar, força, força, força” (…) e a mulher não consegue ao menos respirar.

 

É inadmissível que o profissional que atende ao parto desencoraje a mulher no expulsivo dizendo que ela está fazendo tudo errado. “Você está fazendo a força errada” /”O bebê NÃO pode ficar parado ai” / “Se acontecer alguma coisa com seu filho, a culpa vai ser sua”. Isso nem é puxo dirigido, é coação, ameaça, é violência obstétrica.

 

Karina Fernandes Trevisan é Enfermeira Obstetra formada pela Unifesp, mestre em saúde materno infantil e doutora em cuidados em saúde, ambas pela USP. Trabalhou com a assistência ao parto humanizado em sala de parto e como diretora de serviços de enfermagem na implantação de ações na humanização da assistência. Desde 2007 atua no atendimento a parto domiciliar e hospitalar, englobando pré-natal, parto e pós parto.

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