Como atuar no atendimento ao parto com base em evidências científicas?

Na assistência humanizada, atuamos com base em evidências científicas mas você sabe exatamente o que significa isso? Evidência científica é a reunião de uma série de estudos que foram sendo desenvolvidos ao longo do tempo. São estudos realizados sobre diversos temas que comprovam a efetividade da adoção de uma prática, da realização de uma cirurgia ou do uso de um medicamento.

Durante muito tempo as práticas realizadas pelos profissionais da assistência à gestação e ao parto foram baseadas no que sempre foi feito: profissionais antigos ensinavam os mais novos. Durante muitos anos, a gestante chegava na sala de parto e logo recebia ocitocina de rotina, era deixada em jejum, sua movimentação era restringida, e ela era orientada a permanecer deitada, sem acompanhante. Práticas como o uso do fórceps e a episiotomia foram baseados em achismo: em determinado momento alguém decidiu que o corte poderia aumentar o canal de parto e diminuir o sofrimento do bebê e, a partir desse momento, todas as mulheres passaram a ter suas vaginas cortadas.

A evidência científica foi um método inicialmente adotado nos testes de medicações e vacinas, adaptando estudos randomizados, controlados, com metodologias e pesquisas clínicas. Ao longo do tempo, várias práticas da obstetrícia começaram a ser estudadas: o uso da ocitocina, a episiotomia, posições de parto, rotura precoce da membrana, gestação prolongada, parto normal após cesárea, entre outros.

 

Onde encontrar esses estudos

Os artigos científicos de valor (aqueles que podem ser seguidos pois possuem metodologias científicas adequadas) são publicados nas principais revistas científicas, que têm sustentação na área da saúde, como a The Lancet. Entre as publicações nacionais, temos a Revista da USP, Revista da Escola Paulista, da Unifesp, Revista de Medicina, além de importantes revistas de outras áreas, como a fisioterapia, que trazem práticas que também devem ser analisadas pelas enfermeiras obstétricas e obstetrizes. Para se tornar evidência, esses estudos são analisados e reunidos em locais como o Portal da Cochrane, por exemplo, que, a partir dessas descobertas, traz uma recomendação de práticas atualizadas aos profissionais.

 

Práticas essenciais às enfermeiras obstetras e obstetrizes

  1. Questione tudo o que aprende: nem sempre as práticas realizadas têm evidência que as ampare.
  2. Acompanhe e siga os protocolos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde.
  3. Reveja seus atos durante a assistência obstétrica; viemos de uma formação patriarcal baseada em culpa e não em responsabilidade e escolhas conscientes e, muitas vezes, sem perceber, replicamos isso nas mulheres que acompanhamos.
  4. Esteja no meio de pessoas com práticas realmente humanizadas para as quais possa pedir apoio.
  5. Participe de grupos de discussão com outros profissionais que seguem práticas baseadas em evidência científica.
  6. Participe de simpósios e congressos de atualização como o Siaparto – Simpósio Internacional de Assistência ao Parto realizado anualmente aqui em São Paulo.
  7. Busque se manter em constante atualização: estude, estude e estude!

 

Karina Fernandes Trevisan, formada em enfermagem obstétrica pela Unifesp, mestre em saúde materno infantil e doutora em cuidados em saúde, ambas pela USP.

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Investimento

Confira abaixo as modalidades de investimento para a Pós Graduação em Enfermagem Obstétrica.

Opção

Matrícula

Demais Mensalidades

A

R$ 1.150,00

12X R$ 1.604,16

B

R$ 1.150,00

18X R$ 1.122,91