O assoalho pélvico no parto

O assoalho pélvico é uma estrutura do corpo feminino que engloba a região da vagina, ânus e uretra e sustenta todos os órgãos da região abdominal. Sendo assim, podemos dizer que ela possui uma função essencial. Durante a gestação e o parto essa importância é maximizada. Por isso, merece um olhar bastante cuidadoso.

Todas as mudanças trazidas pela gestação e pelo trabalho de parto podem ajudar a sobrecarregar a musculatura da região. São elas: aumento de peso do abdômen, a passagem do bebê (…). Em outros casos, intervenções como a episiotomia, o uso do fórceps e a manobra de Kristeller colaboram para esse cenário.

Essa sobrecarga não é algo exclusiva do assoalho pélvico. Todos os músculos do corpo possuem uma tonicidade que ao longo da vida sofrem com a ação dos hormônios, peso e traumas. Assim, se não estiverem fortalecidos, esses músculos cedem.

A diferença é que no caso da gestação essas mudanças acontecem num curto espaço de tempo. Aumentando, assim, as chances de traumas. Desse modo, pode trazer prejuízos para a saúde da mulher. São as chamadas disfunções do assoalho pélvico (DAPs).

 

Como prevenir as Disfunções do Assoalho Pélvico (DAPs)

Entre as mais famosas disfunções  estão a incontinência urinária, a incontinência anal e o prolapso de órgãos internos, como a queda da bexiga. Aqui vale lembrar que se trabalhado de forma adequada, o assoalho pélvico têm força e consegue sustentar e se recuperar de forma saudável no pós-parto.

Por exemplo: uma musculatura fortalecida diminui em 42% as chances de desenvolver incontinência urinária. Por isso, orientar a mulher a realizar os exercícios direcionados desde o início da gestação é muito importante na prevenção e/ou no tratamento. Além de propiciar autoconhecimento e consciência corporal.

Vale destacar que a cesariana não deve ser indicada para prevenir as disfunções. Além disso, o parto vaginal não é o vilão dos órgãos pélvicos. Ele só se torna um fator de aumento de risco quando é instrumentalizado ou quando é feita a episiotomia. Afinal, esse último, esse é um procedimento agressivo para a musculatura. Além de estar associado a maior dor na região perineal, fraqueza muscular, dor na relação sexual e infecção local.

 

Não é normal

Apesar de frequentes, as DAPs não podem ser encaradas como normais, pois trazem prejuízos para a qualidade de vida da mulher. O que os profissionais da saúde podem fazer então? Primeiro, saber avaliar a força dessa musculatura, por meio do exame vaginal bidigital ou a perineometria. Segundo, orientar exercícios para fortalecer essa região.

No caso da identificação de uma disfunção grave, a mulher deve ser encaminhada para um médico e/ou um fisioterapeuta especialista. Além disso, outra forma de prevenção é acompanhar o trabalho de parto de forma adequada e utilizar as intervenções de forma precisa e somente quando necessárias.

 

Texto escrito por Karina Fernandes Trevisan, Enfermeira Obstetra, Mestre e Doutora

Foto: Rafael Henrique

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